A cultura faz parte da construção da identidade coletiva e influencia na síntese subjetiva do indivíduo, direcionando sua identidade através dos parâmetros que são “oferecidos” para essa construção. Segundo Hall (2006) teórico cultural Jamaicano, “Uma cultura nacional nunca foi um simples ponto de lealdade, união e identificação simbólica”. Ela também é uma estrutura de poder cultural. Dessa forma, o processo da síntese subjetiva que singulariza o homem enquanto ser social, está intrinsecamente ligado ao processo de aculturamento no qual o homem encontra-se imerso.
Neste processo, os significados incorporados aos símbolos, vistos aqui como informações veiculadas na sociedade pelos mais variados meios de comunicação, oferecem elementos através dos quais os homens se comunicam, perpetuam e desenvolvem seus conhecimentos e suas atitudes em relação à vida. Dentro dessa perspectiva, infere-se que a criação desses símbolos e de seus significados funcionam, como discursos reguladores que influenciam nas práticas significantes, isto é, as ações desempenhadas pelos sujeitos da sociedade.
Diante da relação entre as vozes sociais, refletidas por meio da mídia e da cultura , e a forma com a qual esses elementos repercutem incisivamente na construção identitária do sujeito, impondo parâmetros de pertencimento aos grupos sociais, a Psicologia Social tem se debruçado sobre questões como: Quais seriam as estratégias discursivas e imagéticas que produzem um ambiente propenso à conciliação entre realidade e aparência , constituindo um lugar onde repousa a noção própria de subjetividade e de inserção social? Ou seja, Quais os discursos transmitidos pelos meios de comunicação de massa, que vão influenciar incisivamente na construção da identidade e do sentimento de pertencimento do homem pós- moderno?
As imbricações e convergências dos processos identitários, perpassam a questão cultural, como sendo um fenômeno que transcende a condição biológica e não se reproduz no meio técnico. A cultura se produz a partir do surgimento e da propagação da conduta comunicativa, estruturada em linguagens. (filmes, imagens, discursos, palavras, etc.) Na medida em que produz cultura, as coletividades humanas modulam crenças, intenções, desejos e valores que orientam e controlam os atos individuais. A este fenômeno, dá-se o nome de representação social, que articulada com o sentimento de identidade, converge na produção de um ser social constituído na linguagem, isto é, por símbolos, discursos e lugares. Desse modo, percebe-se que a associação do EU formado a partir das pulsões e o desejo de satisfação que lhe são imanentes, dialoga com as possíveis trocas simbólicas, assumindo variadas posições e definindo, assim, a conduta humana ou papéis sociais. Assim, tem-se na subjetividade humana um campo fértil para o “plantio” de ideologias que constituam o Homem-Identidade, em um consumidor e criador de uma cultura favorável econômica e politicamente para os tempos atuais, onde SER implica em possuir ferramentas para pertencer.
Néia Mattos.
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